sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sobrevivência na Selva


Conservação da Saúde e Primeiros Socorros





Generalidades
a. A capacidade de sobrevivência residirá basicamente numa atitude mental adequada para enfrentar situações de emergência e na posse de estabilidade emocional, a despeito de sofrimentos físicos decorrentes da fadiga, da fome, da sede e de ferimentos, por vezes, graves.
b. Se o indivíduo ou o grupo de indivíduos não estiver preparado psicologicamente para vencer todos os obstáculos e aceitar os piores reveses, as possibilidades de sobreviver estarão sensivelmente reduzidas.
c. Em casos de operações militares, essa preparação avultará então de valor. Daí porque o conhecimento das técnicas e dos processos de sobrevivência constituirá um requisito essencial na formação do indivíduo destinado a viver na selva, quer em operações militares, quer por outra circunstância qualquer.
d. Conservar a saúde em bom estado será requisito de especial importância, quando alguém se encontrar em situação de só poder contar consigo mesmo para salvar-se ou para auxiliar um companheiro. Da saúde dependerão, fundamentalmente, as condições físicas individuais.
e. Na selva, saber defender-se contra o calor e o frio, saber encontrar água e alimento, saber prestar os primeiros socorros, em proveito próprio ou alheio, serão tarefas de grande importância para a preservação da saúde.
Áreas de Selva
Considerações Gerais
Localização
As áreas geográficas com características de selva situam-se, em sua quase totalidade, na zona tropical, limitada pelos paralelos de CÂNCER e de CAPRICÓRNIO. Assim é que, no continente americano, encontram-se a Selva AMAZÔNICA , a mais vasta do mundo, abrangendo porções territoriais do BRASIL, GUIANA FRANCESA, SURINAME, GUIANA, VENEZUELA, COLÔMBIA, PERU, EQUADOR e BOLÍVIA, e a Selva da AMÉRICA CENTRAL. Na ÁFRICA, encontram-se as grandes florestas das bacias dos Rios NÍGER, CONGO e ZAMBEZE, a da costa oriental e a da ilha MADAGÁSCAR. Na ÁSIA, as florestas do sul da ÍNDIA e do sudeste do continente. Na OCEANIA, as ilhas em geral são cobertas por vegetação com características de selva.
Selvas Tropicais
a. Não há tipo de selva que se possa chamar de padrão comum. A sua vegetação depende do clima e, até certo ponto, da influência exercida pelo homem através dos séculos.
b. As árvores tropicais levam mais de 100 anos para atingir a sua maturidade e somente nas florestas primitivas, virgens, não tocadas pelo homem, encontram-se em completo crescimento.
c. Essa selva primitiva, por sua abundância de árvores gigantescas, torna-se facilmente identificável. Apresenta uma cobertura densa, formada pelas copas de árvores que, por vezes, atingem mais de 30 metros de altura, e sob as quais há
muito pouca luz e uma vegetação suja, o que não impede a progressão através da mesma.
d. A vegetação, nas florestas primitivas, tem sido destruída para permitir o cultivo em algumas áreas. Estas áreas, mais tarde, deixando de ser cultivadas, propiciam o crescimento de uma vegetação densa, cheia de enredadeiras, constituindo a selva secundária, muito mais difícil de atravessar do que a selva primitiva.
e. Em qualquer desses tipos de selva, são encontradas plantas e frutas nativas diversas, pássaros, animais e abundante variedade de insetos.
Áreas de Selva no Brasil
a. No BRASIL, encontram-se áreas cobertas com vegetação característica das grandes florestas. A principal e a maior do mundo é a Floresta AMAZÔNICA ou Selva AMAZÔNICA, como já é conhecida internacionalmente. As outras, bastante limitadas, quer pelas extensões que ocupam, quer pelas condições de povoamento e conseqüente existência de núcleos populacionais e de estradas, quer ainda pelas diferentes condições climáticas, topográficas e de vegetação, são encontradas formando os conjuntos florestais que se desenvolvem a sudoeste do Estado do PARANÁ, a noroeste do Estado de SANTA CATARINA e próximo ao litoral, sendo conhecida por MATA ATLÂNTICA.
b. Outras áreas de florestas existem, embora possam ser consideradas pequeninas manchas se comparadas com as mencionadas; entretanto, dentro da finalidade a que se propõe este manual, não serão consideradas, porquanto não justificam apreciações especiais relacionadas quer com sobrevivência, quer com operações militares na selva.
c. As próprias áreas florestais PARANÁ - SANTA CATARINA e a MATA ATLÂNTICA não serão apreciadas em particular, uma vez que aquilo que for dito para a Selva AMAZÔNICA terá aplicação, feitos os ajustamentos relativos, para essas áreas. Entretanto, sobreviver e operar militarmente nelas será menos difícil do que na Selva AMAZÔNICA, não só porque as condições de clima, de topografia e de vegetação são diferentes, como também pelo progresso decorrente da ação do homem sobre a área.
Animais peçonhentos e venenosos
Peçonha
Generalidades
Na selva há inúmeros animais que poderão atuar como inimigo do homem, se este não estiver capacitado a evitá-los ou a debelar os malefícios que poderão decorrer da sua peçonha ou do seu veneno.
a. Animal Peçonhento - É aquele que segrega substâncias tóxicas com o fim especial de serem utilizadas como arma de caça ou de defesa. Apresentam órgãos especiais para a sua inoculação. Portanto, para que haja uma vítima de peçonhamento, é necessário que a peçonha seja introduzida por este órgão especializado, dentro do organismo da vítima.
b. Animal Venenoso - É aquele que, para produzir efeitos prejudiciais ou letais, exige contato físico externo com o homem ou que seja por este digerido. Como exemplos de animais venenosos existem o sapo-cururu, os sapinhos venenosos e o peixe baiacu.
Função da peçonha
Possui uma dupla ação: paralisante e digestiva. Em virtude da reduzida mobilidade das serpentes, elas necessitam de um meio para deter os movimentos da sua vítima, de modo a poder ingeri-la. Daí a função paralisante da peçonha. A digestão nos ofídios, como nos demais animais, faz-se por decomposição dos alimentos que é facilitada pela inoculação da peçonha, anterior à ingestão da vítima.
Ação patogênica da peçonha
Vários fatores interferem na ação patogênica da peçonha. Será de acordo com estes fatores que haverá maior ou menor gravidade para uma vítima de empeçonhamento.
a. Local da Picada
No caso dos gêneros "Crotalus" (cascavel) e "Micrurus" (coral), cujas peçonhas têm ação neurotóxica, quanto mais próxima dos centros nervosos a picada, maior a gravidade para a vítima. E, também, no caso da picada de qualquer ofídio peçonhento, se a região atingida for muito vascularizada maior será a velocidade de absorção e os efeitos serão mais precoces.
b. Agressividade
A surucucu-pico-de-jaca e a urutu, além do grande porte e, conseqüentemente, glândula da peçonha também avantajada, são as mais agressivas, trazendo maior perigo para a vítima.
c. Quantidade Inoculada
Estará na dependência do período entre uma picada e outra, bem como da primeira e das subseqüentes picadas, quando realizadas no mesmo momento. As glândulas da peçonha levam 15 dias para se completarem.
d. Toxidez da Peçonha
A peçonha crotálica é mais tóxica do que a botrópica e ambas, menos que a elapídica.
e. Receptividade do Animal Picado
A receptividade à peçonha ofídica depende do animal haver sido picado anteriormente, desenvolvendo imunidade, ou não. Estudos recentes comprovaram que o gambá não é exceção à regra, existindo dúvidas com relação ao urubu. Contudo os animais que foram tratados com soro antiofídico ao receberem nova dosagem possuem maior probabilidade de apresentar uma reação anafilática, que pode levar ao choque, pois o organismo conta com uma memória imunológica contra a proteína eqüina contida no medicamento.
f. Peso do Animal Picado
A gravidade do caso será proporcional a uma maior ou menor diluição da peçonha no sangue. Quanto maior o animal, mais diluída estará a peçonha e menos grave será a sua ação.
Deslocamentos na Selva
Generalidades
O indivíduo ou grupo de indivíduos, tomando parte ou não em operações militares, ao ver-se isolado na selva e tendo necessidade de sobreviver, tenderá naturalmente a movimentar-se em uma direção qualquer, em busca de salvação. Será normal esta precipitação, mas totalmente errada, pois muitos já perderam a vida por se terem deixado dominar pela ânsia de salvar-se, andando a esmo e entrando, fatalmente, em pânico.
Regra Geral
a. Será aconselhável, em tal emergência, que sejam observadas rigorosamente as seguintes regras, mnemonicamente expressas pela palavra E-S-A-O-N:
- E: - ESTACIONE - fique parado, não ande à toa.
- S: - SENTE-SE - para descansar e pensar.
- A: - ALIMENTE-SE - saciando a fome e a sede, qualquer um terá melhores condições para raciocinar.
- O: - ORIENTE-SE - procure saber onde está, de onde veio, por onde veio ou para onde quer ir, utilizando-se do processo que melhor se aplique à situação.
- N: - NAVEGUE - agora sim, desloque-se na direção selecionada.
b. O "estacionar" e "sentar-se" independerão de maiores conhecimentos; o "alimentar-se" exigirá, na falta de víveres e água, a aplicação de recursos de emergência para obtê-los da própria selva, o que será apresentado em capítulo mais adiante. Quanto ao "orientar-se" e "navegar", serão a seguir abordados os seus diferentes processos, bem como noções sobre sinalização terra-ar e de transposição de obstáculos.
Orientação
Generalidades
A densidade da vegetação torna a selva "toda igual"; nela não haverá pontos de referência nítidos. Mesmo aqueles que já possuem alguma experiência não confiam muito em possíveis referências, porque tudo se confunde devido à repetição contínua e monótona da floresta fechada; os incontáveis obstáculos constantemente causarão desequilíbrio e quedas, tornando difícil a visada permanente sobre determinado ponto; a necessidade de saber onde pisar ou colocar as mãos desviará, por certo, a direção do raio visual; e, finalmente, a própria densidade da vegetação só permitirá que se veja entre a distância de 10 a 30 metros à frente, quando muito. À noite nada se vê, nem a própria mão a um palmo dos olhos. O luar, quando houver, poderá atenuar um pouco essa escuridão, sem contudo entusiasmar o deslocamento noturno. O copado fechado das árvores não permitirá que se observe o sol ou o céu, a não ser que se esteja em uma clareira, o que, ainda assim, não significará que se possa efetivamente observá-los, de dia ou de noite, para efeito de orientação, pois haverá constantemente a possibilidade do céu nublado. Por tudo isso, os processos de orientação na selva sofrerão severas restrições e, por já constarem de outros manuais, serão aqui apresentados de modo muito geral. Serão, também, feitas referências ao hemisfério norte tendo em vista que parte da Selva AMAZÔNICA pertence àquela parte do globo terrestre.
Proteção na Selva
Abrigos
Generalidades
Um homem na selva, em regime de sobrevivência, necessita de algum conforto, de condições psicológicas as mais favoráveis possíveis e de proteção contra o meio adverso. Ele necessita de um abrigo eficiente, limpo e de bom aspecto. As operações na selva podem ser sinteticamente conceituadas como sendo o emprego da inteligência, do vigor físico e da adaptabilidade do combatente à selva. O combate, então, mais que qualquer outro, exige homens com ótimas condições físicas e psicológicas, de sorte a poderem suportar, com o mínimo desgaste, as influências mesológicas e, assim, apresentar um rendimento máximo nas ações. Um dos meios de conseguir isto é construir um bom abrigo, sempre que possível.
Definição
Abrigos são construções preparadas pelo combatente, com os meios que a selva e o próprio equipamento lhe oferecem, para a proteção contra as intempéries e os animais selvagens.
Alimentação na Selva
Generalidades
Como sobreviver significa RESISTIR, ESCAPAR, a sobrevivência em plena selva estará em íntima ligação com o tempo em que nela se permanecer. Para tanto o homem deverá estar altamente capacitado para dosar suas energias e lançar mão de todos os meios ao seu alcance, a fim de não pôr em risco a sua vida. Esta capacidade envolve conhecimentos especializados, invulgares ao homem comum, onde o uso da imaginação, o empenho, o bom senso e o moral elevado, além do intrínseco instinto de conservação, são fatores preponderantes. Quem pensar que é tarefa fácil sobreviver em plena selva, à custa exclusiva dos recursos naturais, equivoca-se. Pequenos grupos, quando devidamente preparados, poderão, entretanto, fazê-lo. Boa comida e água são encontradas, desde que o homem esteja apto a saber onde, como e quando procurá-las. Assim, em qualquer situação, deverá considerar como condições primordiais para uma sobrevivência as necessidades de: ÁGUA - FOGO - ALIMENTOS.
Água
Necessidade
a. Apesar do enorme caudal hidrográfico representado pela abundância de cursos de água e do alto índice pluviométrico da AMAZÔNIA, haverá situações em que não será fácil a obtenção de água. Sendo a primeira das necessidades para a sobrevivência do homem, abastecer-se dela deve constituir uma preocupação constante.
b. O ser humano pode resistir vários dias sem alimento, estando, entretanto, com menores possibilidades de sobreviver se lhe falta a água. Esta resistência estará condicionada à capacidade orgânica e às condições físicas do indivíduo, as quais, na selva, estarão, contudo, sempre aquém das possibilidades normais deste mesmo indivíduo. É o tributo cobrado pela própria selva.
c. Na selva equatorial, o que mais ressalta de importância e a necessidade constante da água, por sofrer o organismo sudação excessiva com eliminação de sais minerais, que, quando demasiada e constante, poderá acarretar a exaustão. Torna-se vital a manutenção do equilíbrio hídrico do organismo.
d. De modo algum deverá o sobrevivente lançar mão de outros líquidos, como álcool, gasolina, urina, à falta absoluta da água. Tal procedimento, além de trazer conseqüências funestas, diminuirá as possibilidades de sobreviver, revelando indícios da proximidade do pânico que, quando não dominado, será fatal. Portanto, saber onde há água e estar sempre abastecido dela é importantíssimo e fundamental.
Fogo
Necessidade
Se bem que não alcance a importância representada pela água, o fogo também é uma necessidade, para que seja possível prolongar a sobrevivência. Será mais um valioso recurso para aumentar e melhorar as condições de vida na selva, pois através dele se conseguirá:
- purificar a água;
- cozinhar;
- secar a roupa;
- aquecer o corpo;
- sinalizar;
- iluminar e fazer uma segurança noturna.
Alimentos de Origem Vegetal
Introdução
Cada região possui recursos naturais e os regionais utilizam formas e processos peculiares para procurá-los e prepará-los. O habitante local, o nativo, será sempre uma fonte de referência útil. Caso não possa ele próprio fornecer algum recurso alimentar, poderá informar quanto às possibilidades da região, nesse particular.
Regras Gerais
a. Existem mais de 300 mil espécies vegetais catalogadas no mundo, sendo a maioria delas comestíveis e pouquíssimas as que matam quando ingeridas em pequenas quantidades. Não há uma forma absoluta para identificar as venenosas. Seguindo-se a regra abaixo, poder-se-á utilizar qualquer vegetal, fruto ou tubérculo, sem perigo de intoxicação ou mesmo envenenamento, NÃO DEVEM SER CONSUMIDOS os vegetais que forem cabeludos e tenham sabor amargo e seiva leitosa
b. Qualquer fruto comido pelos animais poderá também ser consumido pelo homem.
c. Se uma planta não for identificada, outra regra básica é utilizar exclusivamente os brotos, de preferência os subterrâneos, pois serão mais tenros e saborosos.
d. Nas regiões onde houver igarapés, seguindo seus cursos, obter-se-ão alimentos vegetais com maior facilidade.
e. Não há na área amazônica palmitos tóxicos; todos podem ser consumidos: buriti, bacaba, açaí, patauá. Apresentam-se sempre como prolongamento central do tronco, sendo o seu tamanho proporcional à idade da palmácea.
f. Os alimentos de origem vegetal estarão sempre na dependência da época do ano e da distribuição geográfica.
g. Para eliminar a toxidez de alguns vegetais basta fervê-los durante cinco minutos, realizando a troca de água por duas ou três vezes nesse período. Após isto o vegetal poderá ser consumido. São exceções a esta regra os cogumelos.
h. Se o sobrevivente consumir exclusivamente vegetais deverá fazê-lo de forma moderada até que seu organismo se acostume à nova dieta.
Trato com Indígenas
Introdução
O sobrevivente ou grupo de sobreviventes na selva não estará livre de um encontro com indígenas que vivem na Região AMAZÔNICA. Este contato, via de regra, representará a salvação, desde que se esteja familiarizado com os seus hábitos ou se tenha conhecimento de certas regras de conduta a serem observadas durante o tratamento recíproco a manter.Algumas Características dos Silvícolas
a. Os indígenas da Amazônia, em sua maioria, já mantiveram contato com o dito "homem branco", o que os fizeram assimilar costumes da civilização e aproximar-se das vilas e cidades. Muitos índios vêm, inclusive, prestando o Serviço Militar, o que se pode observar nos Pelotões de Fronteira situados nas reservas indígenas ou próximos destas.
b. A estrutura familiar é muito considerada pelos índios. No trabalho, pode-se observar o seguinte:
- Ao homem cabe combater, caçar, pescar, manufaturar instrumentos de madeira e preparar o terreno para a roça.
- À mulher cabe o suprimento d'água, os encargos da mãe (normalmente até que os filhos completem sete anos), o transporte de fardos, o preparo dos alimentos, a manufatura de utensílios de cerâmica, a tecelagem, os trabalhos na roça e a colheita.
- Os homens tomam banho separados das mulheres.
- O namoro é respeitoso (só há beijos na testa).
- Há casamentos endogâmicos (dentro da aldeia) e exogâmicos (fora da aldeia). Casamentos de viúvo(a) com cunhada(o) são freqüentes.
- Entre os ianomâmis, o infanticídio é consentido pela mãe, quando esta não possui condições para criar o filho. É comum o uso de ervas abortivas entre as mulheres ianomâmis.
- Aos doze anos a criança é considerada adulta.
c. Em termos de habitação, o que mais se observa:
- geralmente os índios vivem em malocas construídas à base de barro, madeira e palha;
- as condições de higiene são precárias;
- essas malocas normalmente englobam várias famílias;
- como curiosidade: os ianomâmis vivem em malocas de até trezentos índios, denominadas "XABONÔ".
d. O índio, para subsistir, dedica-se à agricultura, à caça, à pesca, à coleta (frutas, raízes, ovos etc..) e ao escambo (troca, por exemplo, de artesanato por comida e objetos gerais do dito homem branco - especialmente roupas e aparelhos eletrônicos).
e. O idioma português é conhecido pela maioria das tribos, como decorrência da televisão, da ação dos missionários e da própria miscigenação. Algumas famílias possuem escolas com professores bilíngües que praticam o ensino inclusive com cartilhas da língua nativa. Já há famílias, como as das tribos macuxi e wapixaras, que possuem até mesmo título de eleitor.
f. Os ianomâmis, por sua vez, contrariamente a outras tribos que já aceitaram a aculturação, apresentam um considerável grau de subdesenvolvimento. Eles ignoram os trabalhos em metais e as técnicas modernas de obtenção de fogo. Outros, como os piranãs, têm péssimos hábitos de higiene: costumam comer piolhos e micuins.
g. Numa tribo, a figura mais destacada é o tuxaua, responsável pela solução de todas as pendências. O índio, individualmente, não assume os problemas. A iniciativa para a resolução destes é do tuxaua.
h. O processo sucessório, na maioria das tribos, é hereditário. Em algumas comunidades mais avançadas, há um processo de eleição entre os chefes das famílias.
i. Outra figura importante é o pajé, o responsável pela assistência médico-espiritual da tribo.
j. Os principais conflitos existentes entre os índios geralmente envolvem questões de terra e mulher. Normalmente, as desavenças intertribais são facilmente esquecidas.
l. É preciso perspicácia e, se possível, contar com assessoramento de um elemento da FUNAI ou de um habitante da região, para identificar-se os indícios de que uma tribo está se preparando para a guerra, os quais costumam variar muito. Alguns deles: pintura do corpo com tinta de urucu (vermelha) e tinta de jenipapo (preta); aproximação de pequenos grupos em ações de reconhecimento; ficar arredios; entre outros.

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